Este post é a tarefa de casa da minha terapia com 6 meses de atraso (escrever para superar).
Que coisa louca, fui ver a data da minha última postagem aqui depois de receber alguns e-mail de outras mães.
Faz praticamente 1 ano que não escrevo.
No final do ano passado tive uma experiência emocional que bloqueou toda minha força de me expressar, que me tirou do eixo, até fisicamente fiquei doente. Foi algo realmente forte para mim. Não quero expor ninguém, mas eu e meu marido fomos confrontados por uma psicóloga e acusados de não aceitar realmente a deficiência do Miguel por estarmos faltando alguns compromissos de terapia dele (nosso trabalho na época estava insano, trabalhamos em 3 Estados diferentes – o único motivo real).
Mas palavras tem poder e podem causar danos sérios.
Hoje, 1 ano depois, eu estou aqui refletindo porque aquilo me impactou tanto, porque não consegui simplesmente receber com naturalidade e dizer: não, de forma alguma, é apenas um problema de agenda.
1 ano depois consigo ver que é porque eu estava me empenhando tanto para lidar e superar tudo aquilo, eu pesquisava todos os dias na internet formas de estimular meu filho, eu trabalhava até tarde todos os dias para poder ficar com ele pelas manhãs e leva-lo às aulas ou trabalharmos em casa, eu abri este blog, queria ajudar outras mães… eu coloquei tanta energia neste processo e queria, esperava reconhecimento por estar tentando, mas recebi apenas um confronto. Minha luta naquele momento pareceu em vão.
Só que agora consigo ver que um ponto de vista não deve jamais nos definir, ela diz muito mais sobre quem está dizendo, do que sobre nós mesmos.
Para todo processo de luto há um tempo, o seu tempo. Talvez alguns autores antigos vão lhe dar o prazo máximo de 1 ano, mas o tempo das emoções não se conta dessa forma.
Eu estava a todo vapor no meu processo de aceitação e porque já havia passado 1 ano fui cobrada para encerra-lo o quanto antes, acontece que cada um de nós processa as coisas numa velocidade e infringir as regras do seu eu interior pode causar danos irreversíveis.
Fiz 4 meses de terapia, tive crises de pânico, conheci a microfisioterapia, entrei num processo profundo de auto conhecimento e de ressignificados.
Então eu posso falar uma coisa para você pai e mãe: levem o tempo que precisarem se estiverem tentando. Se estiverem parados temos um problema real. Mas se estiverem tentando, caminhem na velocidade que conseguirem.
Só está preocupado realmente com vocês quem começa qualquer conversa com : Está tudo bem? Vocês precisam de alguma ajuda? Estão com alguma dificuldade?
E que em seguida, se coloca verdadeiramente disposto a ouvir.
Qualquer outro tipo de abordagem é ego, cumprimento de metas ou falta de sensibilidade mesmo.
Como uma mãe me escreveu hoje: por favor, siga em frente!
Em tempo:
Miguel tem hoje 2 anos e 5 meses, comemoro todas suas pequenas e grandes conquistas, mas hoje raramente coloco sua deficiência como foco como colocava antes. Apesar de seguir estrábico do olho direito, algo que me incomodava muito, acredito que superei tanto , que não consigo mais enxergar isso direito. Temos dificuldades para médias e longas distâncias e cada dia que passa melhoramos no reconhecimento de feições. Estamos aprendendo a correr.
O carinha ama seu óculos e parece realmente ajuda-lo.
Ainda me emociono quando nossos olhares se encontram. Sempre me emocionarei.

Miguel sorrindo atrás da porta da escola, onde há adesivos jateados em formatos de bolas. Fiz um analogia com o quem possivelmente seja sua visão, já que tem diversas cicatrizes na retina. Nenhuma grande o bastante para apagar seu sorriso gigante.